Mediacao Simbolica
Mediação Simbólica
Definição:
Na Ontologia da Complexidade Emergente, mediação simbólica é a operação pela qual uma organização material estabiliza uma diferença relacional, permitindo que essa diferença funcione como representação operatória de outra organização da própria matéria, seja esta fisicamente presente ou abstratamente mantida. Não se trata de evocar uma essência oculta ou substituir um original ausente, mas de produzir uma forma material que inscreve e reorganiza um campo relacional funcional.
Função na OCE:
A mediação simbólica é o que permite a passagem de uma diferença material para uma função organizada no seio de um sistema complexo. Um símbolo é mediador quando:
- Estabiliza uma diferença relacional no tempo e no sistema;
- Torna operável uma outra configuração material, mesmo ausente fisicamente;
- Permite reinscrição, transmissão e reorganização funcional dentro do campo em que opera.
A mediação simbólica não é espelho, nem reflexo, nem tradução de essência — é gesto material que reconfigura a matéria em modos de relação diferenciada.
Características distintivas:
- Sem transcendência: a mediação simbólica não remete a nada fora da matéria.
- Entre formas da matéria: o símbolo media entre duas configurações da matéria, não entre um real e um ideal.
- Relação, não substituição: a mediação não apaga o que representa — dobra-o operativamente num novo regime de inscrição.
- Exige complexidade: só é possível em sistemas com capacidade de reinscrição simbólica.
- Torna visível o abstrato: a abstração, aqui, é função material mantida — não é ausência, mas forma ativa sem presença física.
Exemplo de uso filosófico:
- “Toda representação é material — o símbolo não aponta para além da matéria, mas reinscreve uma ausência operatória como presença funcional.”
- “A mediação simbólica não é ponte para um mundo ideal: é dobra ativa entre duas instâncias de matéria organizada.”
- “Sempre que uma diferença opera entre ausente e presente sem dualismo, há mediação simbólica — não evocação mística.”
Enunciado Formal – Delimitação Ontológica da Mediação Simbólica:
- Não existe mediação simbólica sem matéria complexa;
- Toda mediação simbólica opera entre regimes materiais diferenciados, sem introdução de essência, alma ou idealidade;
- A mediação é função de inscrição, não reflexo nem analogia;
- Só há mediação simbólica onde há diferença que se estabiliza como operador relacional reinscrevível;
- A abstração representada é matéria mantida de modo não físico, não entidade separada.
Corolário Epistemológico:
Rejeitam-se:
- As conceções clássicas de mediação como substituição de um ausente;
- A ideia de símbolo como ponte entre mundos (fenómeno e essência, corpo e ideia);
- O uso da mediação como legitimação de interioridade ou espírito;
- A noção de símbolo como veículo de um “conteúdo superior” fora da matéria.
Conceitos-chave da Corrente:
- Representação Imanente
- Inscrição Funcional
- Abstração Material
- Diferença Operatória
- Emergência Sem Sujeito
- Organização Simbólica Local