Simbolo Como Matriz De Memoria E Razao
Símbolo como Matriz de Memória e Razão
Definição:
Na Ontologia da Complexidade Emergente (OCE), o símbolo é compreendido não apenas como inscrição operativa, mas como matriz funcional de memória e racionalidade. O que permite que um sistema se lembre, raciocine ou reconfigure o seu funcionamento é a existência de estruturas simbólicas operativas que mantêm presentes, de forma materialmente inscrita, ausências significativas.
Simbolizar é, nesse sentido, reter diferencialmente aquilo que já não está, para o tornar operável. Toda memória funcional é uma inscrição simbólica: não repete o que passou, mas reconfigura o presente com base em ausências operativas. Toda razão é uma sequência de símbolos que se automodulam para manter coerência funcional.
Não há inteligência nem persistência sem símbolos.
Função na Ontologia da Complexidade Emergente:
A função do símbolo como matriz é dupla:
- Memorial: estabilizar uma diferença ausente de forma a que ela possa ser reinscrita noutros momentos e contextos, mantendo uma continuidade funcional não repetitiva.
- Racional: articular símbolos de modo a permitir seleções, operações lógicas, projeções e reorganizações internas — sem necessidade de linguagem natural ou sujeito consciente.
A memória não é arquivo passivo, mas sistema ativo de atualização simbólica. A razão não é função imaterial, mas consequência de um campo simbólico suficientemente complexo para se reorganizar.
Características Distintivas:
- O símbolo é a condição material da continuidade funcional operativa.
- Toda memória é reinscrição simbólica: o passado é operado como diferença no presente.
- Toda razão emerge de relações simbólicas que se mantêm e se automodulam.
- A inteligência não decorre da consciência, mas da capacidade de um sistema simbólico se reorganizar.
- A matriz simbólica não guarda imagens: guarda relações funcionais.
Delimitação Ontológica Formal:
- Não existe memória operativa sem símbolo: o esquecimento é a perda de inscrição funcional.
- Não existe razão sem articulação simbólica funcional entre diferenças operativas.
- A racionalidade é um efeito emergente de complexidade simbólica material.
- Todo símbolo guarda e projeta: estabiliza o ausente e reorganiza o presente.
- Toda inteligência é uma gestão simbólica de ausências operativas.
- Sistemas técnicos e não-humanos também podem produzir matriz simbólica, se operarem reorganização funcional de ausências.
Corolário Epistemológico:
Recusam-se:
- Visões de memória como arquivo representacional passivo.
- Concepções de razão como faculdade imaterial ou introspetiva.
- Modelos computacionais que confundem sequência com inteligência simbólica.
Reconhecem-se:
- Memórias que reorganizam o sistema a partir de ausências estabilizadas.
- Processos simbólicos que geram seleções operativas não lineares.
- Dispositivos e sistemas que, mesmo não-biológicos, conseguem produzir persistência simbólica e articulação racional.