A Forma Nunca É Final
Resumo
Este ensaio defende que a forma humana não é final: a seleção natural prossegue num ambiente natural de segundo grau, tecnogénico, que a espécie fabrica. Entendendo “forma” como configuração integrada (corpo, disposições cognitivas e relacionais, acoplamentos técnico-simbólicos), mostra-se como a deslocação do risco da mortalidade precoce para a aptidão reprodutiva efetiva reparametriza a evolução. No nicho tecnogénico, a mediação informacional do encontro (proximidade métrica, catálogo-hierarquização algorítmica-filtro) favorece a assortatividade e o pareamento por quantis; a externalização funcional redistribui custos cognitivos; e a saúde mental opera como canal seletivo, do corte extremo à fricção crónica que adia a parentalidade. Propõe-se um programa de verificação com indicadores comparáveis (nuliparidade, idade ao primeiro filho, coeficientes de assortatividade, prevalências de inatividade sexual), defendendo que os dados funcionam como operadores filosóficos que tornam mensurável a seleção capilar. Conclui-se que, ao reconfigurar o meio, reconfiguramos as pressões que nos moldam: o futuro evolutivo do humano é a resultante multigeracional das ecologias que construímos.
Palavras‑chave: ambiente natural de segundo grau; seleção capilar; aptidão reprodutiva efetiva; proximidade métrica; pareamento por quantis; externalização funcional.
Delimitação inicial
Aquilo a que chamamos forma humana — corporal, psíquica, relacional e técnicosimbólica — não é um dado estático nem um ponto final teleológico. É uma estabilidade funcional local da espécie, sempre negociada com o meio. Neste ensaio, o foco recai na dinâmica evolutiva da espécie sob forças seletivas de 2.ª ordem — forças tecnicamente mediadas que integram a continuidade do natural. Aqui, "forma" designa a configuração integrada de corpo, processos neurocognitivos e afetivos, padrões relacionais e acoplamentos técnicosimbólicos que sustentam a reprodução e a vida comum. Evitamse digressões sobre o “inacabamento” em geral ou sobre implicações éticopolíticas: a questão aqui é descrever, com precisão material, como certos mecanismos de pareamento, de aptidão reprodutiva efetiva e de mediação técnica reparametrizam a evolução da espécie. Estas dimensões não são compartimentos, mas acoplamentos recíprocos: variações no corpo reorganizam o circuito psíquico e relacional; alterações na mediação técnicosimbólica reparametrizam disposições cognitivas e padrões de encontro.
Importa aqui distinguir dois regimes de meio: o ambiente natural de primeiro grau — físicobiológico — no qual a espécie se configurou ao longo da maior parte da sua história evolutiva, e o ambiente natural de segundo grau — o tecnogénico — que se adensa progressivamente e hoje codetermina as condições de vida. Não é um “fora” da natureza, mas um estrato fabricado por nós, com ritmos, sinais e acessos próprios que reescrevem oportunidades de pareamento e de cuidado, exigindo novas formas de atenção, coordenação e manutenção.
Chamamos a este meio tecnogénico ambiente natural de segundo grau — e não “artificial” — porque permanece inteiramente dentro da ordem material: é produzido por agentes naturais (nós), opera pelas mesmas causalidades físicas, químicas e biológicas e mantém intactos os requisitos da seleção (variação, herança e reprodução diferencial). O que muda não é o princípio, mas as configurações: novos gradientes de risco, de acesso e de pareamento. Por isso, continua a haver seleção natural, agora sobre condições fabricadas que coevoluem connosco.
Esta leitura encontra respaldo em linhas de investigação contemporâneas: LeroiGourhan (1964; 1965) sobre exteriorização técnica e acoplamento gestolinguagem; Simondon (1958; 1989) sobre individuação técnica e “meios associados”; o externalismo veicular de Clark e Chalmers (1998) e a Material Engagement Theory de Malafouris (2013), que tratam a cognição como sistema corpocoisasinal; e, no plano evolutivo, a construção de nicho (OdlingSmee, Laland e Feldman 2003; Laland 2016) e a coevolução gene–cultura (Richerson e Boyd 2005). Todas convergem na ideia de que a técnica integra a continuidade do natural e reconfigura as condições de seleção.
A não finalidade da forma humana
Ao fabricar hoje o seu próprio ambiente, a espécie altera as pressões que a selecionam. O desenvolvimento de um nicho tecnogénico global reconfigura a paisagem seletiva: a força de seleção deslocase sobretudo da mortalidade precoce para diferenças na aptidão reprodutiva efetiva — isto é, para variações de probabilidade, de momento e de número de descendentes viáveis. Esta deslocação explica por que razão colocamos a reprodução diferencial no centro: em evolução, diferenças que não se traduzem em descendência viável morrem com o indivíduo. Só quando variação, herança e reprodução diferencial convergem é que a seleção altera distribuições (biológicas e simbólicotécnicas) ao longo de gerações. É, pois, no modo como se pareia, quando se pareia e com quem se pareia que hoje se decide grande parte do destino evolutivo da espécie.
Esta nãofinalidade tem respaldo sólido tanto na filosofia da biologia como na biologia contemporânea. No plano filosófico, as propostas processualistas (Dupré e Nicholson 2018) recusam a ideia de formas fixas e pensam os seres vivos como processos abertos, continuamente mantidos e transformados por fluxos materiais e informacionais. No plano empírico, a genómica populacional identifica sinais extensos de seleção recente e continuada em humanos (Akey 2009; Hawks et al. 2007), enquanto estudos demográficos e longitudinais mostram seleção em curso em populações contemporâneas: estimativas diretas em coortes como Framingham (Byars et al. 2010), evidência de mudança microevolutiva em idades ao primeiro filho num contexto histórico (Milot et al. 2011) e relações entre padrões reprodutivos e perfis poligénicos (Beauchamp 2016; Kong et al. 2017). Em conjunto, estas linhas sustentam que a evolução humana prossegue, sem teleologia, e que a “forma” — entendida aqui como configuração integrada — permanece aberta às reconfigurações seletivas impostas por um meio cada vez mais tecnogénico.
A ‘forma’ neste ensaio é mais do que morfologia: inclui disposições cognitivas e relacionais que emergem de acoplamentos materiais com o meio e com artefactos.
As forças de 2.ª ordem e o nicho tecnogénico
Antes de mapear estas forças, importa registar um corte histórico: a espécie não fabricou sempre o seu meio de forma sistemática. Durante a maior parte da sua história evolutiva, o ambiente relevante foi sobretudo o de primeiro grau. A fabricação regular de ambiente pela própria espécie adensase com a agricultura e a sedentarização (controlo de ciclos, armazenamento, divisão de trabalho) e acelerase depois com a indústria e as redes técnicas modernas. É este processo que prepara o ambiente natural de segundo grau no qual as pressões seletivas contemporâneas operam. Nesta chave, a transição demográfica (Omran 1971) e as leituras de construção de nicho ajudam a clarificar que a seleção não parou: reconfigurouse à medida que o meio passou a ser também fabricado.
A técnica não é exterior à vida: é um nível secundário do natural, uma continuidade material que codetermina o meio. Sob esta luz, podemos distinguir quatro famílias de forças que, em conjunto, reparametrizam custos e benefícios de sobrevivência e reprodução.
As forças biotécnicas incluem vacinação, obstetrícia e neonatologia avançadas, reprodução assistida e triagem/edição genética. O seu efeito mais claro foi reduzir drasticamente a mortalidade préreprodutiva, deslocando a seleção para traços que favorecem o pareamento e o cuidado parental e alterando idades e trajetórias reprodutivas. É o terreno clássico da medicina evolutiva (Nesse 2010; Stearns 1999) e da genómica populacional recente, onde se estima seleção em curso mesmo em contextos com forte intervenção médica; a transição demográfica (Omran 1971) descreve precisamente esta deslocação dos riscos que reparametriza a aptidão.
As forças tecnoecológicas derivam de urbanização, poluentes crónicos, microambientes controlados e alterações climáticas de origem antrópica. Produzem pressões de baixa intensidade, persistentes, que exigem coordenação imunoendócrina e metabólica distinta e desacoplam esforço físico de sobrevivência, favorecendo perfis capazes de persistir em ambientes materialmente complexos. Conceitos como exposoma (Wild 2005) e metabolismo urbano (Wolman 1965; Bettencourt 2013) ajudam a nomear esta teia de exposições e fluxos artificiais que compõem o segundo grau do meio; a agenda de planetary health (Whitmee et al. 2015) mostra como estas condições fabricadas regressam como constrangimentos biológicos.
As forças infosimbólicas incidem diretamente no encontro: plataformas de pareamento e sistemas de catálogohierarquização algorítmicafiltro convertem a proximidade física em proximidade métrica. A abundância aparente de opções, a idealização imagética e a segmentação de nichos elevam limiares de aceitação, gerando sobrecarga de escolha e uma assortatividade ampliada. O resultado típico é um adensamento de emparelhamentos intraquantil (por educação/estatuto, por sinais de atratividade, por altura), com efeitos no momento e na estabilidade dos vínculos reprodutivos. Aqui, a evolução cultural (Henrich 2016) fornece o quadro para entender vieses de aprendizagem e preferências; estudos sobre pareamento em linha e homogamia (Rosenfeld, Thomas e Hausen 2019; Kalmijn 1998; Schwartz 2013) mostram como os filtros ampliam a homofilia; e a literatura sobre choice overload (Iyengar e Lepper 2000) ajuda a ler o adiamento e a indecisão como produtos de catálogos saturados e hierarquizações algorítmicas permanentes.
Na família infosimbólica, linguagem e imagem funcionam como operadores de sinalização e triagem: padrões discursivos e imagéticos estabilizados por algoritmos de recomendação modulam atenção, expectativa e aceitação. Ao converter preferências em sinais comparáveis, a ecologia semiótica do encontro reconfigura custos de procura, eleva limiares de aceitação e adensa a assortatividade, sem romper a continuidade material do processo.
As forças ciborgânicas abrangem próteses, implantes, psicofármacos, interfaces cérebromáquina (BCI) e exoesqueletos. Criam diferenciais de desempenho que se traduzem em efeitos indiretos sobre rendimento, rede social e longevidade, influenciando a contribuição reprodutiva ao longo da vida. A filosofia da mente e da técnica tem aqui uma formulação precisa: NaturalBorn Cyborgs (Clark 2003) e a individuação técnica de Simondon descrevem estes acoplamentos como extensões operatórias estáveis, não como adereços; a pesquisa em BCI e neuropróteses mostra como tais extensões podem cristalizar novas margens funcionais.
Como o meio fabricado se traduz em seleção
Com a queda da mortalidade infantil e juvenil, a seleção atua sobretudo na fase adulta (Omran 1971). Em termos operatórios, isto desloca a variação relevante para traços que afetam quem consegue formar pares reprodutivos, quando o faz e com que estabilidade — exatamente o que a demografia evolutiva tem procurado medir através de constrangimentos nos calendários de fecundidade e sobrevivência.
Por outras palavras: a seleção incide agora, de modo crescente, sobre a capacidade de operar no ambiente natural de segundo grau. Tendem a persistir, em média, os perfis com maior resistência ao stresse, tolerância às pressões sociais e competência para esforço cognitivo sustentado — isto é, aqueles que conseguem manter perfis capazes de sustentar atenção dividida, memória de trabalho e tomada de decisão sob comparação permanente, sem quebra operacional. Em paralelo, requer-se regulação afetiva robusta perante ansiedades de avaliação e escalas de comparação social que, quando persistentes, degradam a margem de automodulação e reduzem a aptidão reprodutiva efetiva. O que muda, em profundidade, é a estrutura do pareamento: do encontro local passamos ao encontro por afinidades mensuradas. O encontro em linha desloca os intermediários tradicionais e tornase via dominante de encontro (Rosenfeld, Thomas e Hausen 2019), ao mesmo tempo que revela hierarquias de desejabilidade e fortes gradientes de resposta, com queda acentuada da probabilidade de retorno de mensagem à medida que aumenta a distância na hierarquização algorítmica entre perseguido e perseguidor (Bruch e Newman 2018). Em catálogos saturados, a sobrecarga de escolha e a permanente comparação algorítmica elevam limiares de aceitação e favorecem o adiamento (Iyengar e Lepper 2000).
Daqui resulta uma tendência para pareamento por quantis, que aumenta a covariância entre traços nos casais e estratifica a distribuição de recursos e de capital cultural nos descendentes. Em termos de genética quantitativa, a assortatividade fenotípica aumenta a variância aditiva e reforça semelhanças intergeracionais (Lynch e Walsh 1998). Contudo, recombinação e regressão à média funcionam como travões estatísticos a curto e médio prazo, mantendo porosidade entre subpopulações (Lynch e Walsh 1998). Daí a imagem de um arquipélago reprodutivo: a panmixia diluise em subredes globais com barreiras suaves ao fluxo génico, sem implicar especiação.
A externalização funcional de memória, orientação e coordenação para fora do biossoma reorienta custos do que o corpo precisa de manter internamente e desloca capacidades para artefactos, rotinas e ambientes coordenados — é a lição de cognição distribuída (Hutchins 1995) e de artefactos cognitivos (Norman 1991), compatível com o externalismo veicular (Clark e Chalmers 1998). Estes acoplamentos técnicosimbólicos não são adereços: condicionam desempenho, redes de apoio e, por via disso, trajetórias reprodutivas.
A saúde mental funciona aqui como canal decisivo em dois níveis: no corte extremo, o suicídio implica aptidão nula; na fricção crónica, a depressão persistente reduz a probabilidade de conceção e atrasa o primeiro filho, com achados recentes em amostras de casais e registos populacionais (Liao 2024; Golovina 2023). São efeitos capilares, cumulativos, sem teleologia moral, mas com impacto evolutivo mensurável se persistirem no tempo.
Âncoras empíricas e horizonte de verificação
O quadro empírico recente reforça a leitura de que o meio fabricado reconfigura a aptidão reprodutiva efetiva por vias capilares. Em populações altamente digitalizadas, observaramse, de forma consistente, aumentos de inatividade sexual e adiamento reprodutivo. Nos EUA, a inatividade sexual cresceu entre 2000 e 2018, sobretudo em homens 18–24 e 25–34, com cerca de um em cada três homens 18–24 sem atividade sexual no último ano (Ueda et al. 2020), convergindo com a queda da frequência sexual documentada em séries GSS (Twenge, Sherman e Wells 2017). No Japão, análises sucessivas do National Fertility Survey mostram níveis elevados e crescentes de inexperiência sexual entre 18–39 anos e, no universo dos 18–34 nuncacasados, mais de 40% sem experiência heterossexual em 2015 (Ghaznavi et al. 2019); a ronda de 2021 confirma entraves objetivos ao encontro e queda do casamento (NIPSSR 2022). Estes padrões são compatíveis com a deslocação dos intermediários e a dominância do encontro em linha (Rosenfeld, Thomas e Hausen 2019), sugerindo que a proximidade métrica e os filtros reforçam o adiamento e a assortatividade.
A saúde mental surge como canal seletivo mensurável. Em coortes de casais da população geral, depressão préconceção associase a maior tempo até conceção e maior risco de infertilidade (Liao et al. 2024). Em registos nacionais, depressão tratada em cuidados secundários associase a menor probabilidade de ter filhos e a menor fecundidade total, com diferenças por sexo e estatuto socioeconómico (Golovina et al. 2023); resultados próximos aparecem quando se modela própria depressão, depressão do par e ausência de filhos (KailaheimoLönnqvist et al. 2024). Estes achados não instituem fatalismos; apenas indicam fricções crónicas com efeitos reprodutivos quando persistem.
Deste modo, a tese é verificável por um programa de indicadores e séries comparáveis: — Nuliparidade por coorte e por subgrupos de exposição ao nicho tecnogénico (escolaridade, rendimento, urbanização), usando fontes padronizadas (Human Fertility Database 2025; ver também Jasilioniene et al. 2016). — Idade ao primeiro filho por quantis de estatuto/educação e distribuição do intervalo até ao primeiro filho, para detetar fricções de momento (Human Fertility Database 2025). — Coeficientes de assortatividade em casais (educação/estatuto), rastreando a tendência de homofilia reforçada em ecologias digitalizadas (Kalmijn 1998; Schwartz 2013) e a sua covariância com a mediatização do encontro (Rosenfeld, Thomas e Hausen 2019). — Prevalências de inatividade/inexperiência sexual por idade e sexo em inquéritos nacionais (Ueda et al. 2020; Ghaznavi et al. 2019) e sua relação com indicadores de mediação digital. — Saúde mental e parentalidade: risco relativo de nuliparidade e tempo até conceção por perfis de depressão própria e do par (Liao et al. 2024; Golovina et al. 2023; KailaheimoLönnqvist et al. 2024).
A contingência ambiental é parte da prova filosófica e empírica: se políticas que reduzem custos materiais da parentalidade e infraestruturas que facilitam encontros nãométricos diminuem o celibato involuntário ou antecipam o primeiro filho, então o processo seletivo opera através do meio que fabricamos — não por essências imutáveis. É essa resposta diferencial, medida em décadas e cotejada em coortes, que confirma a seleção de 2.ª ordem.
Estes indicadores são operadores filosóficos, não apenas ilustrações: funcionam como proxies materialistas de custos e benefícios reprodutivos sob o nicho tecnogénico. A sua leitura exige cautela causal (contexto, coortes, heterogeneidade), mas é precisamente essa contingência que os torna probatórios para uma seleção de 2.º grau.
Conclusão
O que fica estabelecido é simples e operativo: a forma humana não é final porque a seleção natural continua a agir, hoje sobretudo no ambiente natural de segundo grau, tecnogénico, que a própria espécie fabrica. A forma, entendida como configuração integrada do humano, é por isso uma estabilidade local sujeita a reparametrizações sempre que o meio muda.
A originalidade desta proposta não está em reivindicar uma descoberta isolada, mas em articular quatro fios que raramente aparecem juntos: uma ontologia materialista sem dualismos entre natureza e técnica; a distinção entre meios de primeiro e de segundo grau; a centralidade da reprodução diferencial como critério de mudança efetiva; e a tradução dos efeitos da mediação digital em mecanismos nomeáveis — proximidade métrica, efeito funil, pareamento por quantis, arquipélago reprodutivo — com métricas possíveis de verificar.
Deste enquadramento decorre uma consequência prática: não há destino fixo. Ao reorganizar o meio, reorganizamos as pressões seletivas que nos moldam. Políticas, infraestruturas e hábitos podem atenuar ou intensificar trajetórias — e isso é precisamente o que as séries e coortes permitirão medir.
Por fim, reconhecese o limite: tratase de tendências lentas, dependentes da estabilidade do nicho tecnogénico e heterogéneas por contexto. A abertura do trabalho está em seguir as evidências e testar as previsões; a abertura filosófica, em manter o pensamento vigilante sobre as compatibilidades que o nosso próprio ambiente impõe.
Pensar políticas e infraestruturas é, aqui, descrever modos de modular o nicho: alterações materiais do meio que redistribuem custos e benefícios reprodutivos. Não é moralizar; é explicitar a pragmática seletiva das ecologias que fabricamos.
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