Símbolo e Linguagem: A Relação como Condição
Tipo: Critério Ontológico-Estrutural
Definição Operacional
Na Ontologia da Complexidade Emergente, o símbolo só adquire eficácia operatória quando inserido num sistema relacional que lhe confira diferença funcional. Tal sistema é a linguagem: um campo de interações materiais onde os símbolos emergem como formas diferenciadas de inscrição. Fora desse campo, não há símbolo, apenas matéria não reinscrita.
Formulação Expandida
Tradicionalmente, a filosofia atribuiu ao símbolo uma autonomia ou uma transcendência capaz de existir independentemente do sistema em que se inscreve. Contudo, para a Ontologia da Complexidade Emergente, o símbolo não é um dado pré-existente, mas um acontecimento relacional. Símbolo é toda reorganização funcional da matéria que se torna capaz de codificar uma ausência, uma diferença ou uma alteridade, criando sentido através de interações no interior de um campo simbólico-relacional específico — a linguagem.
A linguagem, neste contexto, não é redutível ao discurso ou à comunicação humana, mas compreendida amplamente como qualquer sistema de relações materiais suficientemente organizado para produzir sentido operatório. Isto inclui sistemas biológicos, tecnológicos e híbridos, desde que estes possuam um regime funcional de diferenciação, reinscrição e modulação simbólica. O campo da linguagem é, portanto, condição necessária para que algo possa emergir como símbolo: só aí o símbolo ganha eficácia, valor e sentido.
Essa abordagem afasta-se radicalmente de quaisquer essencialismos simbólicos ou idealismos linguísticos que procuram um fundamento transcendente para o símbolo. Pelo contrário, afirma-se a imanência radical: o símbolo não se sustenta num plano separado, mas nasce diretamente da reorganização funcional da matéria. Não há símbolos fora do regime relacional que os produz; sem a interação interna a um campo de linguagem, qualquer configuração material permanece indiferenciada, incapaz de instaurar inscrição simbólica.
Consequentemente, o valor do símbolo não está na sua estabilidade ou universalidade, mas na sua capacidade de instaurar diferenças operatórias dentro de sistemas materiais concretos. O símbolo é, assim, um operador ontológico situado e contingente, cujo sentido deriva da sua posição relativa dentro do campo relacional que o constitui.
Estado da Matéria
Núcleo Estabilizado
Notas de Relação
- Relaciona-se diretamente com as entradas: Linguagem Simbólica, Matéria Complexa, Reorganização Simbólica, Alteridade, Emergência.
- Fundamenta as discussões sobre inteligência artificial simbólica, comunicação não-humana, e sistemas de inscrição funcional.
- Crítico dos paradigmas transcendentalistas, idealistas e essencialistas da linguagem e do símbolo.