O Símbolo Não É o Real
Crítica epistemológica interna
Definição:
O símbolo é uma forma de inscrição material que representa aquilo que não está presente no imediato. Atua como operador de mediação entre o real e o seu conhecimento, permitindo uma tentativa de captura parcial e operatória da realidade — uma captura sempre incompleta, instável e dependente da organização subjetiva que a realiza.
Função na ECMO:
Na ECMO, o símbolo não revela o real: tenta organizá-lo para torná-lo manipulável, legível e cognitivamente acessível. Não há identidade entre símbolo e realidade: o símbolo não substitui o real, nem o esgota — ele inscreve uma tentativa de aproximação. Ao mesmo tempo que permite operar sobre o mundo, o símbolo carrega a marca do seu limite: o excesso do real sobre qualquer forma de nomeação.
Características distintivas:
- Contra a sacralização do símbolo: recusa-se a sua absolutização como via de verdade ou totalidade.
- Contra o nominalismo operatório: o símbolo não basta para fundar ontologia — ele é instrumento, não fundamento.
- Símbolo como inscrição provisória: estabiliza forças, mas não dissolve o excesso que as constitui.
- Exigência de vigilância filosófica: o uso simbólico exige consciência crítica sobre os seus limites.
Exemplo de uso filosófico:
“O símbolo estabiliza — mas o real continua a vibrar por baixo.”
“Não é porque nomeamos que compreendemos: o nome é uma tentativa, não uma verdade.”
“O símbolo é gesto de inscrição, não captura de essência.”
Implicações Ontológicas e Epistémicas:
- O símbolo é tentativa de mediação, não revelação.
- A realidade excede o simbolizável — há forças que resistem à inscrição.
- A filosofia deve operar com vigilância crítica sobre o poder do símbolo e sua tendência à clausura.
- A ECMO mantém o primado da matéria em reorganização, não do símbolo como horizonte.
Justificação da Inclusão:
Esta entrada corrige uma tendência interna da própria ECMO a privilegiar o simbólico como eixo central de inteligibilidade. Reafirma-se aqui que o centro ontológico é a matéria instável e criadora, e que o símbolo, embora fundamental, é apenas um dos seus dispositivos operatórios — não o seu destino.
Estado da Matéria:
Crítica consolidada — revisão epistémica ativa
Notas de Relação:
- Relaciona-se com: Inscrição Simbólica, Materialidade, Reorganização, Plasticidade Ontológica, Pensamento, Linguagem
- Fundamenta a crítica a toda metafísica do signo, absolutismo do conceito ou estetização do nome
- Sustenta a distinção entre símbolo operativo e símbolo mitificado