O Simbólico Não É Substância
(crítica ontológica estrutural)
Definição:
O simbólico não é substância nem origem: é efeito funcional da reorganização operatória da matéria complexa. O símbolo emerge como tentativa de estabilização provisória da instabilidade do real — não a substitui, nem a antecede.
Não existe “mundo simbólico” independente: o simbólico só aparece quando a matéria atinge um regime de complexidade capaz de diferenciar, repetir e reinscrever.
O símbolo é operador, não fundamento.
Função na ECMO:
A ECMO opõe-se à tradição que fez do simbólico uma essência organizadora do real — de Platão a Lacan, de Hegel a Ricoeur. Contra essa metafísica, afirma-se:
“O simbólico não funda o mundo — dobra-o.”
“Não representa o real — tenta reinscrevê-lo.”
O símbolo não é substância, nem mediação universal: é um efeito secundário de processos materiais que o excedem.
Características distintivas:
- Anti-ontoteológica: recusa qualquer sacralização do símbolo como essência, verdade ou estrutura universal.
- Anti-hermenêutica estrutural: o sentido não precede a matéria — é uma organização funcional tardia.
- Ontologia da primazia do corpo: é a matéria instável que torna possível o símbolo, e não o contrário.
- Crítica da hipertrofia simbólica: o excesso simbólico obscurece o real, transforma sentido em clausura.
Tese Central:
O simbólico é gesto, não origem.
É dobra, não essência.
É instrumento operativo, não estrutura fundadora.
Dar-lhe o estatuto de substância é recair num idealismo disfarçado, que substitui Deus pelo Signo.
Implicações Ontológicas:
- O simbólico deve ser tratado como ferramenta operatória, não como essência metafísica.
- Nenhum sistema filosófico pode fundar o ser no signo sem dissolver o corpo no abstrato.
- O pensamento deve praticar proporcionalidade simbólica: o símbolo só tem valor quando sustenta reorganizações materiais do real.
- A absolutização simbólica eclipsa a instabilidade, a fricção e o biossoma.
- O símbolo não tem valor intrínseco — só adquire potência quando reinscreve instabilidade com consistência operatória.
Nota:
Esta entrada é central para recolocar a matéria como origem e como problema. Reforça a exigência de que toda filosofia que opera com símbolos o faça sem trair a materialidade instável de onde eles emergem.
Estado da Matéria:
Crítica consolidada — eixo epistemológico transversal
Notas de Relação:
- Conecta-se com: O Símbolo Não É o Real, Inscrição Simbólica, Corpo, Plasticidade Ontológica, Linguagem
- Fundamenta a crítica às tradições estruturalistas, psicanalíticas e idealistas da linguagem
- Opera como base para reconfigurar o campo da significação dentro da imanência material