Repetição Diferenciada
Critério Epistémico-Ontológico
Definição:
Repetição diferenciada designa o regime operatório através do qual a iteração de padrões numa matéria funcionalmente complexa gera variações internas que não se limitam à reprodução, mas modificam gradualmente o sistema. Essas variações podem dar lugar a reorganizações locais sem exigir qualquer representação, intenção ou exterioridade.
Função na ECMO:
Constitui uma das dinâmicas fundamentais da complexidade funcional. Permite compreender como a matéria instável se transforma sem plano, sem salto e sem sujeito. Ao contrário da repetição mecânica, a repetição diferenciada não conserva — desloca. Ao contrário da fratura, não rompe — torce. Ela funda um regime de variação imanente, a partir do qual podem emergir novos estados operatórios, novas formas de coerência ou de persistência material.
Características distintivas:
- Descreve uma iteração material com capacidade de transformação interna
- Recusa qualquer pressuposição de finalidade, sentido ou representação
- Não remete à fratura nem à crise como motor da mudança
- Opera como dinâmica imanente de reorganização na matéria complexa
- Implica uma conceção da transformação como variação contínua e não como corte
Exemplo de uso filosófico:
- “A repetição diferenciada não repete nem rompe — desloca.”
- “O novo não é rutura, é torção acumulada da continuidade operatória.”
- “Toda reorganização começa como uma variação que insiste.”
Nota:
Esta entrada corrige a tendência filosófica para pensar a diferença como descontinuidade ou falência. Ao definir a transformação como resultado de acumulação iterativa e não de choque ou revelação, recusa genealogias traumáticas e abre caminho a uma ontologia da variação material. A repetição diferenciada não representa — atua. E o que nela se transforma, transforma-se por dentro.