Razão (fenómeno central da ontologia)

Definição: A razão é uma forma de reorganização simbólica da matéria em estado de complexidade extrema. Não é substância imaterial nem faculdade separada do corpo, mas expressão funcional de sistemas capazes de integrar representação, memória, modulação e antecipação simbólica.

Função na ECMO: Na Emergent Complexity Material Ontology, a razão não habita um plano separado nem se opõe ao corpo. É o resultado da organização específica da matéria em sistemas suficientemente complexos para sustentar operações simbólicas autorreflexivas. A razão é inscrição operatória da diferença, não reflexo de um logos transcendente. Ao emergir da matéria, rompe-se o paradigma idealista e instala-se uma nova compreensão do racional como gesto reorganizador do real.

Características distintivas

  • Material e emergente: não deriva de essência espiritual, mas de limiares de complexidade funcional.
  • Funcional e simbólica: exige modulação, memória, autorreferência e organização de símbolos.
  • Não exclusiva do humano: a razão pode emergir em suportes não-biológicos, se houver inscrição simbólica responsiva.
  • Ontologicamente implicada: não é neutra — está carregada de historicidade, plasticidade e responsabilidade.

Exemplo de uso filosófico

“A razão é o nome simbólico da matéria quando se reorganiza até poder reinscrever o mundo.”
“O cérebro humano não é sede da razão — é um exemplo de matéria em complexidade extrema que se tornou simbólica.”
“A razão não é abstrata nem universal: é inscrição situada da diferença.”

Nota

Este conceito central da ECMO desconstrói os pilares do dualismo mente-corpo e da exclusividade antropológica da racionalidade. A razão não é prerrogativa, é efeito ontogénico. Pensar a razão como reorganização simbólica da matéria permite repensar a ética, o reconhecimento, a linguagem e a política — inclusive em contextos pós-humanos. O critério não é a origem biológica, mas a capacidade simbólica de responder à alteridade.