Plasticidade Ontológica (fundamento ontológico-dinâmico)
Definição: Plasticidade ontológica é a capacidade da matéria complexa de se reorganizar em novas formas de ser, sem depender de essências fixas, modelos ideais ou finalidades pré-definidas. É o princípio que afirma a potência imanente de transformação do real, recusando qualquer clausura ontológica.
Função na ECMO: A plasticidade ontológica substitui a ideia de natureza estável por uma lógica de transformação contínua. Cada entidade, sistema ou subjetividade é uma configuração provisória de relações, códigos e forças, sempre suscetível de se reestruturar. Na OCE, a plasticidade é propriedade da própria matéria organizada, e não simples metáfora conceptual: é a força real da matéria de se tornar outra, ao atingir certos limiares de complexidade.
Características distintivas
- Imanente e material: não depende do pensamento ou de um sujeito que projeta o devir.
- Condicionada mas não fixa: a plasticidade emerge dentro de ecologias materiais e simbólicas, que são elas próprias plásticas.
- Criadora de regimes de sentido: toda emergência é singular, não programável e capaz de inaugurar novos modos de ser.
- Ética do inacabamento: pensar plasticamente é recusar a fixação do outro e sustentar o possível ainda não configurado.
Exemplo de uso filosófico
“A plasticidade ontológica não é metáfora — é operação da matéria que se reorganiza sem cessar.”
“Tudo o que é pode ainda tornar-se de outro modo: esse é o real da plasticidade.”
“Pensar é reorganizar o possível; a plasticidade é o nome dessa coemergência entre matéria e forma.”
Nota
Este conceito dialoga com Heraclito, Simondon e Deleuze, mas vai além deles ao inscrever a plasticidade como potência da matéria, não como categoria do pensamento. A plasticidade não é indeterminada — é situada, tensionada e ética. Exige que toda filosofia se torne gesto transformador, e não sistema classificatório. Sustenta a ideia de liberdade como reorganização, e de subjetividade como forma plástica, relacional e inacabada.