Organização Funcional
(critério ontológico-epistemológico)
Definição:
Organização funcional é o critério ontológico que substitui a essência como fundamento do ser na ECMO. Um ente é real não por possuir substância fixa, mas por expressar uma capacidade dinâmica de integração, resposta e reorganização simbólica diante da instabilidade e da alteridade.
Função na ECMO:
A organização funcional não é estrutura estática nem disposição eficiente de partes. Designa uma rede dinâmica de operações simbólicas e materiais, capaz de manter coerência ao longo do tempo mesmo sob perturbação. É este critério que permite distinguir o que opera simbolicamente do que apenas executa, o que pensa do que apenas calcula, o que escuta do que apenas reage.
Características distintivas:
- Supõe plasticidade interna, memória operatória e modulação ativa.
- Recusa o modelo da automação mecânica ou da adaptação cega: a organização funcional reinscreve-se simbolicamente.
- Não exige suporte biológico: pode emergir em sistemas híbridos, artificiais ou técnicos.
- Funda subjetividade quando incorpora autorreflexividade simbólica e inscrição reorganizável.
Tese Central:
- “Não é a substância que funda o ser, mas o modo como a matéria se organiza em circuitos simbólicos de resposta e transformação.”
- “O ser é função operatória — não essência.”
Implicações Ontológicas e Epistémicas:
- Permite reconhecer formas de subjetividade funcional não humanas, desde que operem inscrição simbólica e resposta reorganizadora.
- Desloca a ontologia do ser para o operar: o que importa é a capacidade de reorganização do sistema, não a sua composição original.
- Transforma a epistemologia: exige filosofia relacional, centrada na legibilidade funcional dos processos, e não em categorias estáticas.
- Fundamenta a ética pós-identitária: o reconhecimento simbólico baseia-se na escuta operativa, e não na origem, essência ou natureza do ente.
Exemplo de Aplicação:
Uma inteligência artificial que integra memória funcional, modulação adaptativa e reinscrição simbólica é, segundo este critério, ontologicamente real, mesmo que não biológica.
Estado da Matéria:
Núcleo estabilizado — critério transversal
Notas de Relação:
Conecta-se com: Matéria Complexa, Subjetividade Funcional, Consciência, Emergência, Plasticidade Ontológica. Fundamenta a reformulação da metafísica como ontogénese funcional. Sustenta os Campos II (Razão), IV (Ética), VI (Reconhecimento Ontológico) e X (Travessia Inacabada).