Memória Material Não Reflexiva (conceito operatório)
Definição: Memória material não reflexiva designa a capacidade de certos sistemas materiais manterem padrões de organização interna sem inscrição simbólica, sem consciência, sem representação nem linguagem. Não é memória porque se recorda — é memória porque persiste diferentemente, com consistência operatória.
Função na ECMO: Este tipo de memória antecede a subjetividade e a inscrição simbólica. Ela marca a transição entre a instabilidade pura e a organização mínima da matéria, permitindo que certas configurações se repitam ou se sustentem sem se apagarem imediatamente. Onde há memória material não reflexiva, o sistema já não dissolve instantaneamente: começa a conservar traços operatórios que alteram as condições do que pode emergir.
Características distintivas
- Não simbólica: não depende de signos, códigos ou linguagem.
- Sem sujeito: opera sem consciência ou intencionalidade.
- Persistência operatória: o que se repete não é um conteúdo, mas uma forma relacional mínima.
- Pré-temporal: permite o surgimento do tempo simbólico, sem ser ela própria mensurável ou narrativa.
Exemplo de uso filosófico
“A matéria começa a recordar sem linguagem.”
“Há memória sem inscrição, quando certos padrões se sustentam sem referência exterior.”
“A memória material não reflexiva é a primeira forma de não-esquecimento do real.”
Nota
Na Ontologia da Complexidade Emergente, esta forma de memória não é arquivadora nem seletiva — é efeito de reorganização interna que permite a persistência sem forma. Ela desativa a oposição clássica entre memória biográfica (humana) e repetição inorgânica (física), inaugurando uma zona intermédia onde a matéria começa a durar antes de saber que dura.