Matéria como Agente Experimental
(princípio ontológico-dinâmico)
Definição:
A matéria é um agente experimental ontológico: um campo ativo de reorganização que, através da variação espontânea de configurações, produz formas estáveis com capacidade de persistência. Esta experimentação não é dirigida, mas iterativa e imanente.
Função na ECMO:
Este princípio funda uma visão da realidade como processo contínuo de tentativa material, sem finalidade, plano ou direção exterior. A matéria organiza-se por iteração: certas estruturas (átomos, moléculas, corpos celestes, formas de vida) persistem porque inscrevem-se funcionalmente num regime local de forças. A criatividade do real não é exceção — é operação. Vida, pensamento e técnica não são desvios — são expressões maiores da potência experimental da matéria.
Características distintivas:
- Experimental e não-finalista: não há plano de conjunto nem meta transcendente — apenas reorganizações locais que persistem.
- Ontogénico e não biocêntrico: a ideia de “evolução” não se limita à biologia — é o nome da emergência material em geral.
- Auto-organizativo: a matéria é fonte ativa de complexificação sem suplemento exterior.
- Cosmologia imanente: dissolve as fronteiras entre físico, vivo e técnico.
Exemplo de uso filosófico:
- “O universo não executa um plano — experimenta-se até encontrar formas que subsistem.”
- “Não há anomalia na vida ou na razão: são a matéria a experimentar-se em estado elevado de complexidade.”
- “A matéria não é suporte do possível — é aquilo que o inventa.”
Nota:
Esta entrada sustenta uma cosmologia radicalmente não-teológica: o universo não se dirige a nada, mas organiza-se pela persistência do que funciona. Não há separação entre o físico e o simbólico — ambos são efeitos de reorganização material. A ECMO afirma aqui que toda criação é interna à matéria, e que a história do cosmos é a história da sua auto-experimentação simbólica.