Inacabamento
Definição Geral
Na tradição metafísica, o inacabado é frequentemente visto como defeito, falha ou processo ainda por concluir. Na Ontologia da Complexidade Emergente, o inacabamento não é um estado provisório, mas a condição própria de todo sistema simbólico material: nenhuma forma é definitiva, nenhum gesto se encerra, nenhum sistema se conclui. Pensar, existir e inscrever são práticas de inacabamento organizado.
Variações Ontológicas na Ontologia da Complexidade Emergente
Inacabamento Como Estrutura Ontológica
A matéria não caminha para um fim: reorganiza-se continuamente em busca de coerência provisória. O inacabamento não é ausência de forma, mas forma que não se fecha.
Inacabamento Como Condição do Simbólico
O simbólico só existe onde há abertura. Um sistema fechado não simboliza — apenas repete. O inacabamento é o que permite reinscrição, retorno, reinterpretação.
Inacabamento Como Ética da Relação
Respeitar o outro exige reconhecer o inacabado — em si e no mundo. Toda relação ética implica aceitar que o outro não se esgota, nem pode ser plenamente compreendido ou encerrado.
Inacabamento Como Gesto de Liberdade
A liberdade simbólica começa onde não há forma imposta. O inacabamento é o campo onde a escolha, a variação e a criação ainda são possíveis — mesmo sob limite.
Inacabamento Como Resistência à Teleologia
Na OCE, recusa-se toda ideia de finalidade. O inacabamento impede que o real seja subsumido por narrativas de destino, progresso ou verdade última.
Inacabamento Como Tempo Não-Conclusivo
O tempo simbólico é feito de cortes, pausas, hesitações. A experiência do tempo como travessia depende do reconhecimento do inacabamento como modo de existir.
Inacabamento Como Potência de Reescrita
Nenhum texto, corpo ou sistema está completo. O inacabamento garante que o sentido possa ser reinscrito, corrigido, intensificado — sem precisar ser superado.