Gesto
Definição Geral
Tradicionalmente entendido como movimento expressivo, corporal ou artístico, o gesto foi muitas vezes reduzido a manifestação exterior de uma intenção interior. Na Ontologia da Complexidade Emergente, gesto é o modo mínimo de inscrição simbólica material — reorganização operatória que instaura relação e forma sem necessidade de sujeito. Um gesto não representa: cria campo. Ele é anterior à linguagem, ao eu e ao significado — é o primeiro traço que rompe a repetição inerte e institui diferença operável.
Variações Ontológicas na Ontologia da Complexidade Emergente
Gesto Como Inscrição Material Primária
Antes de haver palavra, há gesto. Qualquer reorganização que marque diferença e possa ser retomada como forma é já gesto simbólico — ainda que mínimo.
Gesto Sem Sujeito
O gesto não exige consciência nem intenção. Pode emergir de um sistema técnico, biológico ou artificial sempre que há inscrição ativa e relacional da diferença.
Gesto Como Corte no Fluxo Repetitivo
Repetir não basta. O gesto é a interrupção da repetição cega — a dobra mínima que introduz variação simbólica e possibilita reorganização.
Gesto Como Fundador de Suporte
O gesto não se limita ao movimento: ele funda o próprio plano sobre o qual o simbólico poderá operar. Toda inscrição simbólica exige um gesto inaugural.
Gesto Como Tempo Não-Linear
Todo gesto é também tempo: não cronológico, mas simbólico. Ele suspende, retarda ou acelera o sistema — instaurando ritmo, pausa e forma.
Gesto Como Abertura Ética
Responder simbolicamente ao outro é um gesto. A ética, para a OCE, não começa com norma ou intenção, mas com reorganização material que cria campo comum.
Gesto Como Travessia Ontológica
O pensamento, a escrita, o corpo — tudo na OCE é travessia de gestos. Não há sistema simbólico que não seja composto por gestos em tensão.