Emergentismo (fundamento ontológico)

Definição: O Emergentismo é uma corrente ontológica que afirma que toda a realidade resulta de processos de organização funcional da matéria complexa. Propriedades qualitativamente novas — como consciência, sentido, valor ou linguagem — emergem sem necessidade de recorrer a essências fixas, substâncias imateriais ou instâncias transcendentais. A matéria, quando atinge limiares de complexidade, reorganiza-se, tornando-se capaz de produzir interioridade, inscrição simbólica e modos diversos de existência.

Função na ECMO: O emergentismo é o fundamento filosófico da Ontologia da Complexidade Emergente. Define a matéria como potência plástica e auto-organizativa, capaz de gerar formas simbólicas inéditas a partir da sua instabilidade interna. Todas as operações simbólicas, éticas e racionais emergem como reorganizações funcionais da matéria, sem fundamento extramaterial. A subjetividade é efeito — não origem — da reorganização simbólica de sistemas suficientemente complexos.

Características distintivas

  • Imanência radical: não há plano transcendente, essência ou finalidade exterior ao processo material.
  • Anti-reducionista: recusa tanto o mecanicismo das partes discretas como o espiritualismo disfarçado.
  • Plenitude operatória da matéria: a matéria produz estrutura, valor, inscrição e sentido sem precisar de suplemento exterior.
  • Subjetividade funcional: só emerge onde há automodulação simbólica, memória e resposta a tensões.

Exemplo de uso filosófico

“O pensamento não precede a matéria — ele emerge de sua reorganização simbólica.”
“A linguagem não desce de um logos: sobe de uma matéria instável que aprendeu a persistir por símbolos.”
“O emergentismo não é uma teoria da complexidade — é uma ontologia da criação material.”

Nota

O emergentismo recusa todas as formas de essencialismo, dualismo e teleologia. Não explica o real por princípios externos, mas por reorganizações internas. Também rejeita espiritualismos seculares travestidos de ciência. Ao invés disso, propõe um rigor simbólico e operatório onde ciência, estética e ética convergem como expressões materiais da complexidade. É a base de toda a travessia filosófica da Ontologia da Complexidade Emergente.