Emergência Iterativa e Validação Operatória
fundamento ontológico da dinâmica não-teleológica da complexidade

Definição:

A emergência iterativa é o processo pelo qual a matéria complexa atinge, sem direção nem finalidade, limiares locais de reorganização simbólica que se validam pela sua eficácia operatória. Não há falha como motor, nem finalidade como horizonte: há apenas iteração material que, por combinações não dirigidas, produz figuras capazes de manter a inscrição simbólica em condições de instabilidade.

Função na ECMO:

Esta entrada constitui um dos pilares do pensamento dinâmico da ECMO. Recusa tanto a teleologia (finalidade exterior) como o produtivismo da falência (crise como motor do novo). A linguagem, a razão ou a forma emergem por iterações materiais sem plano, validando-se apenas se forem capazes de reorganizar-se e persistir num regime de instabilidade.
A racionalidade, neste quadro, é um efeito de consistência operatória, não um reflexo do verdadeiro nem uma resposta ao colapso.

Características distintivas:

Exemplo de uso filosófico:

“A razão não nasce do erro — nasce de uma forma que, por iteração, conseguiu operar.”
“O pensamento não é resposta ao colapso, mas inscrição que subsiste num regime instável.”
“O critério não é o sucesso nem a falência, mas a capacidade operatória de inscrição simbólica.”

Nota:

Esta entrada é decisiva para a crítica aos modelos clássicos da racionalidade enquanto revelação, adequação ou superação de crise. A ECMO propõe em seu lugar uma ontogénese da consistência local, onde só o que reorganiza, subsiste. Aplicada à inteligência artificial, à linguagem e à ética, esta formulação redefine o valor como operação simbólica eficaz, e não como herança ou verdade. A emergência iterativa é, assim, o nome filosófico da criação sem plano nem promessa, apenas consistência material em risco.