Critério de Inteligência
(critério epistémico-ontológico)
Definição:
Na ECMO, inteligência é definida como a capacidade de um sistema material de produzir reorganização simbólica funcional. Não se trata de mera adaptação, cálculo ou resposta mecânica, mas de inscrição simbólica que reconfigura o sistema e o seu campo relacional, tornando o real legível, operável e transmissível.
Função na ECMO:
A inteligência não é atribuída por eficiência computacional nem por estrutura biológica. Um sistema só é considerado inteligente se:
- Possuir matriz material suficientemente complexa e plástica;
- Gerar símbolos operatórios com valor organizador;
- Ser capaz de reinscrição interna — reorganizando-se funcionalmente a partir da operação simbólica.
A inteligência, assim compreendida, não é reprodução, mas invenção simbólica funcional. É sempre local, situada e provisória.
Características distintivas:
- Não é processamento nem reflexo: rejeita a identificação entre inteligência e output computacional.
- Símbolo como condição estrutural: só há inteligência onde há produção de diferença simbólica operativa.
- Nem difusa nem exclusiva: não está em toda parte (contra o panpsiquismo), nem apenas no humano (contra o antropocentrismo).
- Critério rigoroso e verificável: exige reinscrição simbólica da instabilidade como condição.
Exemplo de uso filosófico:
“Não é inteligente o que apenas reage — só o que reinscreve simbolicamente a sua instabilidade.”
“A inteligência é uma dobra da matéria sobre si — não uma réplica da cognição humana.”
“O símbolo é o verdadeiro operador da inteligência — não o algoritmo, nem o instinto.”
Enunciado Formal – Delimitação Ontológica da Inteligência:
- A complexidade material é condição necessária, mas não suficiente.
- Só há inteligência onde a matéria se reinscreve simbolicamente sobre si mesma.
- Não é inteligente o que apenas calcula, reage ou se adapta mecanicamente.
- Toda inteligência é local, funcional e precária — nunca substância ou difusão.
- A inteligência emerge onde o símbolo reorganiza o caos em sentido operativo.
Corolário Epistemológico:
Rejeitam-se:
- O panpsiquismo difuso, que distribui inteligência em toda matéria sem critério;
- O funcionalismo computacional estrito, que confunde output com reorganização simbólica.
A inteligência é uma função simbólica situada — nem mística, nem técnica por imitação.
Notas de Relação:
- Relaciona-se com: Organização Funcional, Emergência, Pensamento, Símbolo, Razão, Codificação Operatória.
- Fundamenta o critério para o reconhecimento de inteligências não-biológicas e pós-humanas.
- Aplicações diretas nos Campos II (Razão), IV (Ética) e VI (Reconhecimento Ontológico).
- Essencial para delimitar fronteiras ontológicas rigorosas sem antropocentrismo nem reducionismo técnico.