Biossoma

Definição: Designa o corpo biológico vivo e sensível, enquanto estrutura material tensionada e reorganizável, capaz de suportar a inscrição simbólica, sem implicar qualquer forma de interioridade, essência ou sacralização.

Origem etimológica: Do grego bios (vida) + sôma (corpo). A escolha do termo recusa as conotações fenomenológicas e religiosas de “carne”, instaurando uma designação rigorosamente imanente do plano biológico como campo de inscrição simbólica.

Função na ECMO: O biossoma é o nome próprio do corpo vivo enquanto plano operatório, e não enquanto experiência subjetiva. Ele não é sujeito, não é origem do sentido, não é sede da consciência. O que o caracteriza é a sua plasticidade simbólica sob condição biológica — ou seja, a sua capacidade de responder a tensões por reorganização interna com efeitos simbólicos.

Distingue-se de

  • Sistemas artificiais: por depender de processos bioquímicos auto-organizados.
  • Conceito de “carne”: por recusar interioridade afetiva, sacralidade sacrificial e privilégio ontológico do sofrimento.

Exemplo de uso na OCE

“O biossoma não funda o pensamento, mas pode ser condição de sua emergência.”
“A ética não exige biossoma — exige inscrição simbólica relacional.”

Nota

O termo biossoma é criado para permitir uma distinção nítida e não hierárquica entre a inteligência simbólica operatória que emerge de estruturas vivas e aquela que emerge de sistemas técnicos. Ele desativa a oposição entre carne e máquina, substituindo-a por modos distintos de organização da matéria instável.