Artesania Simbólica
Expressão Filosófica Operativa
Definição:
Artesania simbólica designa o modo de atuação filosófica enquanto gesto cuidadoso, situado e não-programático, que molda os dispositivos conceptuais de forma não normativa, não totalizante e não técnica, segundo uma lógica de emergência correlacional.
Função na ECMO:
Designa a prática da filosofia como ofício de criação simbólica imanente, atento à pluralidade do real e à necessidade de sustentar zonas de emergência onde o sentido possa surgir sem ser imediatamente reduzido, codificado ou subsumido por sistemas fechados. A artesania simbólica substitui a produção de sistemas pela criação de condições relacionais e materiais de inscrição.
Características distintivas:
- Moldea condições de emergência simbólica a partir de uma escuta relacional do real
- Recusa a planificação técnica ou finalista, operando por atenção à fricção do processo
- Assume a singularidade de cada operação filosófica como gesto irrepetível e situado
- Substitui a norma pela relação e o modelo pela sensibilidade à matéria do pensamento
- Configura-se como gesto ético de cuidado ontológico, abrindo espaço ao que ainda não tem forma
Exemplo de uso filosófico:
- “A filosofia é artesania simbólica: molda dispositivos onde o sentido ainda não foi coagido.”
- “Não há método, há gesto — e o gesto é sempre artesanal.”
- “Pensar é fabricar localmente o possível, com as mãos na instabilidade.”
Nota:
Esta entrada reconfigura deliberadamente o termo “artesania” — de uso não normativo no português europeu — para instaurar uma figura operativa de fabrico simbólico situado. A escolha lexical responde à necessidade de designar uma prática filosófica que não se inscreve nem na técnica, nem na teoria abstrata, nem na estética tradicional. A artesania simbólica afirma uma filosofia sem plano, feita de gestos precisos sobre matéria instável.